
Você está sozinha (ou até mesmo comprometida) e se sente abandonada, carente, desanimada, tendo aqueles pensamentos típicos como "ninguém me ama, ninguém me quer". E, de fato, não aparece nem um cavalheiro solidário a fim de te tirar desse mar de lamentações. Será que é o seu cabelo? Ou, quem sabe, alguns quilos a mais que você adquiriu depois de tanto chocolate? Bom, talvez a resposta esteja mais internamente. A auto estima é uma amiga para todas as horas e, se você não a mantém em um nível elevado, os problemas emocionais podem virar uma enorme bola de neve.
Muito se fala sobre ela - não à toa, os livros de auto ajuda têm feito tanto sucesso nos últimos tempos. Mas qual seria a real importância da autoestima na nossa vida? Para a psicanalista Beth Valentim, colunista do Bolsa de Mulher, a auto estima reúne um conjunto de fatores que devem estar equilibrados. "Uma mulher que está de bem com a vida, que se aceita como é, normalmente mantém essa harmonia em seus segmentos de vida. A auto-estima em equilíbrio traz muitos benefícios, porque se um dos segmentos sair do controle, outros preenchem o vazio. E ela manda mensagens reais sobre nós mesmos. Quem conhece o que 'é' realmente, sabe dar a mão à palmatória e não se derrete toda caso não tenha vencido um obstáculo", argumenta.
Auto estima é o potencial que cada pessoa tem para lidar bem com as frustrações e conflitos impostos pelo cotidiano, de perceber-se completa e forte o suficiente para existir e sobreviver
A psicóloga e terapeuta sexual Márcia Atik reforça o caráter fortalecedor e otimista da auto estima, lembrando que ter a consciência das próprias capacidades e qualidades é o segredo para encarar os problemas e as pressões de cabeça erguida. "Autoestima é o potencial que cada pessoa tem para lidar bem com as frustrações e conflitos impostos pelo cotidiano, de perceber-se completa e forte o suficiente para existir e sobreviver.
Alguém com baixa auto estima caminha pela vida com a sensação de que não vai agüentar as frustrações e costuma se punir, não dando crédito nem beleza a si mesma, subestimando suas qualidades e tendo como parceira constante a insegurança", afirma. É por isso que há pessoas que conseguem superar mais rapidamente um fora ou um rompimento, por exemplo, enquanto outras levam meses ou até anos para tocar a vida como antes, sem recaídas.
Um problema para elas
Beth Valentim concorda que o peso dessa cultura que valoriza a imagem e o status influi diretamente no modo como as mulheres se vêem e agem. "O sexo feminino reflete sobre vários pontos, quase todos os dias - se o corpo está próximo ao padrão exigido pela sociedade; como está o cabelo; gorduras localizadas, rugas, seios pequenos, bumbum sem curvas etc. Como estar em dia com tantos itens que nos aterrorizam? E ainda há a posição profissional: tem mulher que sai de fininho da roda de amigas, quando um homem é apresentado, com medo de dizer que não é tão bem sucedida quanto as outras. E por aí vai", acrescenta a psicanalista.
Garota "X", de 26 anos, é apenas uma entre tantas mulheres que já conviveram com os altos e baixos de sua própria auto-estima. "Já fiz e pensei coisas absurdas por causa do fim de um relacionamento de quatro anos. Quando meu ex-namorado me trocou por outra, imediatamente me culpei. Achei que o problema estava comigo", conta ela, que esteve a um passo de ficar anoréxica quando decidiu que precisava emagrecer a todo custo para se sentir melhor. "Tive distúrbios alimentares, de comer muito e de não querer comer nada, e também princípio de depressão. Eu me odiava, me achava feia, desinteressante, burra e incapaz de fazer qualquer coisa certa. Perdi um semestre da faculdade assim, nessa neura. Mal saía de casa. Quando passei a fazer terapia, as coisas melhoraram, mas confesso que ainda tenho certa dificuldade de me aproximar dos homens", relata.
De acordo com Beth, não adianta estar em dia com o corpo se a mente não estiver pronta para buscar ou valorizar o prazer pela vida. "Aceitar-se, reconhecer limites e saber fazer auto-crítica o bastante para deixar de se queixar de tudo, são atitudes que estimulam o crescimento da auto estima", ressalta. Para ela, a mulher que consegue ter os pratos da balança do amor-próprio em sintonia supera rompimentos e outras situações desagradáveis sem achar que o mundo desabou em sua cabeça: "Se um traço da idade surgir no rosto, ela reconhece outro que a faça pensar nos benefícios da maturidade. Não estar com a cintura legal vira um motivo de humor entre as amigas. Olhar para sua imagem sozinha num sábado à noite servirá para refletir sobre o porquê de não aceitar convites que podiam lhe fazer feliz. E por que não aproveitar para relaxar debaixo das cobertas da cama lendo um bom livro?".
Se estiver solteira, essa mulher também vai estar mais aberta não só a instigar um homem a olhar com prazer para ela, como também saber fazer ótimas escolhas, pois não estará 'contaminada' com pensamentos que a jogam para baixo.
E engana-se quem acha que a auto estima pode ser um bem irrecuperável ou que nem todo mundo "nasce com ela". A psicanalista desmente: "Todos nós temos auto estima. Esse negócio de 'fulano não tem auto estima' não existe. A diferença é que alguns a têm mais trabalhada e em harmonia que outros. Auto estima é um bem-querer de si mesmo", explica. Também estão erradas aquelas que pensam que só consegue ser feliz quem namora ou que independência é só para quem está solteira. "Mulher independente emocionalmente não é sinônimo de estar sozinha, mas de ser liberta de alguém, de não imaginar que é o parceiro quem a torna feliz. Além disso, mulher com auto estima em desequilíbrio, mesmo recebendo toda atenção do mundo, sempre quer mais. E ainda questiona tudo, cobra, chora por qualquer motivo, tem medo de ser abandonada e está caminhando, sem saber, para ficar sozinha de verdade", alerta.
As especialistas destacam que, quando a mulher possui uma auto estima positiva, os relacionamentos são favorecidos e sua posição diante do mundo e do homem é valorizada. "Ela não fica triste se o parceiro deixa de elogiá-la ou esquece aquele beijinho antes de dormir. Não vai despencar no choro por um desentendimento e sim arranjar logo o que fazer para se ocupar. Se estiver solteira, essa mulher também vai estar mais aberta não só a instigar um homem a olhar com prazer para ela, como também saber fazer ótimas escolhas, pois não estará 'contaminada' com pensamentos que a jogam para baixo", observa Beth Valentim. Para quem está sempre no papel de "coitada", ela dá a sugestão: "Exercite a auto estima, saiba do que a sua é formada. A chave é manter o equilíbrio, porque de nada adianta ser inteligente ou ter uma mente brilhante e ser frágil nas emoções". E lembre-se de que pessoas que costumam se auto-depreciar geralmente não são atraentes aos olhos dos outros.
Reconhecer os próprios desejos e satisfazê-los funciona como um estímulo para que o emocional desenvolva a estrutura necessária para suportar os reveses e obstáculos que surgem pela frente. "Ao permitir-se sentir e viver seus desejos, você se encontrará com a verdadeira mulher que você é, aquela que às vezes se esconde por conta de obrigações e responsabilidades. Paixão, entusiasmo, alegria, esperança e outras emoções positivas são o combustível para uma vida plena de amor. Para evitar que essa energia seja destrutiva, a gente deve aprender a se conectar com o novo", recomenda Márcia Atik. Segundo a psicóloga, uma maneira simples de fazer isso é usar os órgãos dos sentidos. "É através eles que as mensagens de prazer entram em nossa vida, estimulando o desejo", esclarece.
Ela dá as dicas:
- Olhe e contemple com atenção o que é belo - no que está ao seu redor e em você
- Ouça uma boa música, relaxe e se deixe levar pelo seu som
- Saboreie a vida e aquele bolo de chocolate sem culpas
- Acaricie mais e se arrepie com as carícias que receber
- Assuma seus prazeres e necessidades
"Aproveitem essas dicas e vão a luta; se você quiser, independente de estar sozinha(o) ou acompanhada(o), sua vida pode ser muito PRAZEROSA!"
DESCUBRA-SE E SEJA FELIZ!!!